terça-feira, 10 de maio de 2011

Encontro entre amantes

O encontro dos dois é esperado, muito ansiado e ela vem. Vem com o sorriso tímido e olhos brilhantes, jeito de quem sabe o que quer, mas não sabe como conseguir.

Ele apenas a acompanha com os olhos enquanto ela senta no tapete de frente a ele. A mulher que está diante dele transmite calma, é como se o mundo inteiro ficasse suspenso, inerte, em camera lenta e insignificante.

Eles apenas se olham, há muito a dizer e o silêncio grita enquanto o fogo lhes consome internamente. Visivelmente o desejo de possuir-se mutuamente domina o ambiente, a atmosfera quase sexual os cerca e nenhum dos dois quer sair dalí.

Ele se aproxima da mesa de centro - único objeto concreto que os separa - enche a taça de vinho dela. Um fio dourado de seus cabelos escorrega e repousa sobre seus olhos da cor do mar. Ela faz que não percebe. Parece um sinal e ele se aproxima. Ela continua inerte, hipnotizada pelos olhos dele que refletiam toda a chama existente dentro dele. Ele a deseja. Ela sabe disso. Ela o deseja. Eles gostam desse jogo silencioso.

Suavemente ele afasta o fio de cabelo e com a ponta dos dedos toca sua pele, um arrepio fino e quase eletrico percorre pelo seu corpo e ela também sente isso. Alí próximos, respirando o mesm ar, sentindo seus hálitos cálidos e vibrantes, enfim se renderam aos lábios como se fossem imãs.

O beijo voraz era como se abrisse as portas para um mundo novo. Os corpos uniram-se e os corações numa perfeita simetria ditava os passos daquela dança. Naquele espaço pequeno, sobre o tapete da sala dele, com a brisa fresca de uma noite de outono, desprenderam-se de todo o pudor. De novo o mundo desapareceu e de repente só existiam eles.

Amaram-se como se o presente ato fosse uma sobrevivencia, como se o sexo entre eles fosse vital. E era...Estranha e mais que fisicamente os corpos pertenciam um ao outro.

Sexo calmo e devagar como se tivessem todo o tempo do mundo, o corpo era explorado como se já se conhecessem, eles sabiam o caminho, sabiam seus ritmos e sensações. Viraram aos poucos um emaranhado de corpos. Avidos, antagonicos de um só querer, protagonistas de um espetáculo. Mãos, lingua, dedos, lábios, seios, suor e desejo culminaram no ápice da de uma odisséia há muito esperada. Depois, desaceleraram, o mundo gradativamente foi tomando forma, estavam alí, de volta à sala, ao tapete, à brisa e à lua que sorria. A única fiel e silenciosa testemunha de um ato simbólico de entrega e redenção, um elo secreto e invisível que nenhum dos dois nunca ousaram quebrar.

Texto originalmente postado no átimo

2 comentários:

Trolladora disse...

Eu acho esse conto uma delícia!!!!

Beijo

Cristiane disse...

Adorei... Me senti lá... No encontro...
Beijo